Friday, June 09, 2006

Mulher

Minha filha criou a definição “mulher que dá flor”, para dizer da moça recém ingressa em nossa família. Tanto caiu bem à moça tal “classificação”, que ela já traz no ventre fruto de relacionamento tão recentemente iniciado com meu filho. Nada condizente com padrões de normalidade procriativa. Mas tudo a ver com responsabilidade pelos próprios atos, com decisão pautada pela boa coerência entre razão e sensibilidade. Gostei da idéia mulher que dá flor e logo pensei no seu oposto: mulher que dá espinho.Na conversa, deixamo-nos claro que nossas metáforas nada têm a ver com a reafirmação de esteriótipos antagônicos que atribuem e tiram valor da mulher, tais como a generosa/a malvada, a bela/a feiosa. Não. Para nós, a mulher que dá flor é aquela de bem com a vida, ciente de si, responsável por seus atos, aberta aos desafios. É a que se permite amar sem subserviências. É a que pode ser solidária sem se sentir lesada. A mulher que dá flor enraíza. A mulher que dá espinho se confina em exterioridades. Seu espelho só reflete aparências. Ela não consegue respeitar os outros porque não sabe se respeitar. Precisa dos espinhos para cercar suas amarguras, para se defender da possibilidade de entregas afetivas. Para não incorrer em polarização nefasta, digamos que estes tipos coexistem em cada uma de nós e tudo seja uma questão de saber dosar. Usar os espinhos para a defesa dos perigos e das roubadas. No mais, gerar frutos bons de todo tipo. Parir flores resplandecentes para que a positividade seja, quiçá, a marca de toda a vida.