Banhar-se com sabonete de essência de figo.
Saborear figos com mel no café da manhã.
Sentir o perfume do vinho tinto naquele exato instante anterior ao ato de prová-lo.
Tomar chá de frutas cítricas, no sossego da serra, a las cinco de la tarde.
Recordar o perfume das jabuticabeiras do sítio onde feitas as primeiras descobertas da adolescência.
Caprichar no molho de limão galego que alegrará a salada verde.
Aliás, continuar a dieta nas terças-feiras.
Ver os seios crescerem sem saber o que fazer com eles.
De vez em quando, vestir-se em tons de mamão papaia.
Acordar com vontade de abrir os olhos e com alguma alegria no peito, o bastante para perceber as infrutescências da vida.
* palavra descoberta nas explicações do sachê do chá, num domingo, fim de tarde, pouco antes de ver “Volver”, do Pedro Almodovar.
Wednesday, November 29, 2006
Monday, November 20, 2006
Mitocôndrias
Se a comunicação é tudo, se “quem não se comunica se trumbica”, preciso fazer contato urgente entre mim e minhas mitocôndrias. Em mais de 60 anos, nunca me dei conta da existência das mitocôndrias e da importância delas na vida dos animais, nós incluídos. Pode ser que eu tenha faltado à aula de biologia no dia em que o professor ensinou mitocôndrias. Ou, então, eu lá estava e enquanto ele falava, eu delirava com o príncipe encantado que, afinal, nunca me apareceu.
Mas, por sorte, temos o Dr. Drauzio Varella para nos explicar como só ele sabe que quando comemos demais, as mitocôndrias, coitadas, trabalham demais e do trabalho delas resulta a produção dos radicais livres, nossos inimigos, na medida em que são agentes do envelhecimento. Se bem entendi, o ato de comer sempre desencadeia o trabalho das mitocôndrias. Se comemos pouco, elas trabalham em paz e, na paz, não soltam os radicais livres em exércitos ameaçadores. Se metemos o pé na jaca, elas são obrigadas a acelerar o ritmo e, em contrapartida, aumentam a produção dos tais radicais que, na programação biológica, são livres para acabar com a saúde da gente. Em resumo, o Dr. Drauzio adverte: quem come mais do que pode, envelhece mais cedo, fica doente mais cedo. E agora, depois desta revelação, o ato de radicalizar na liberdade de comer passa a acarretar também a culpa pelo sacrifício imposto às laboriosas mitocôndrias. Bem, das culpas, a menor. Foi muito bom saber que liberar geral com a comida afeta as pobres mitocôndrias, obriga-as a trabalhar em regime de estresse, praticando ato de violência contra elas. Melhor ainda foi saber que as mitocôndrias não são bobas e se vingam da tirania da gula, soltando os cachorros na praça, os tais radicais livres que detonam a vitalidade do carente que faz de conta que a comida traz felicidade.
Dr. Drauzio, muito obrigada!
Mas, por sorte, temos o Dr. Drauzio Varella para nos explicar como só ele sabe que quando comemos demais, as mitocôndrias, coitadas, trabalham demais e do trabalho delas resulta a produção dos radicais livres, nossos inimigos, na medida em que são agentes do envelhecimento. Se bem entendi, o ato de comer sempre desencadeia o trabalho das mitocôndrias. Se comemos pouco, elas trabalham em paz e, na paz, não soltam os radicais livres em exércitos ameaçadores. Se metemos o pé na jaca, elas são obrigadas a acelerar o ritmo e, em contrapartida, aumentam a produção dos tais radicais que, na programação biológica, são livres para acabar com a saúde da gente. Em resumo, o Dr. Drauzio adverte: quem come mais do que pode, envelhece mais cedo, fica doente mais cedo. E agora, depois desta revelação, o ato de radicalizar na liberdade de comer passa a acarretar também a culpa pelo sacrifício imposto às laboriosas mitocôndrias. Bem, das culpas, a menor. Foi muito bom saber que liberar geral com a comida afeta as pobres mitocôndrias, obriga-as a trabalhar em regime de estresse, praticando ato de violência contra elas. Melhor ainda foi saber que as mitocôndrias não são bobas e se vingam da tirania da gula, soltando os cachorros na praça, os tais radicais livres que detonam a vitalidade do carente que faz de conta que a comida traz felicidade.
Dr. Drauzio, muito obrigada!
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