Thursday, January 18, 2007

Meus mares

Ultimamente tem sido assim: basta sentir o cheiro bom da maresia para que eu tenha satisfeito o meu desejo de mar. Não é mais necessário o toque dos pés na areia. Não mais faz falta a alegria de andar decidida em direção ao mergulho. Nem o sal, o sabor do sal a temperar a pele também já não é mais apelo para banho de mar. E aquela cor de bronze fruto de manhãs azuis de praia? Não mais resultaria em beleza. Hoje, me apego à maresia. Não por saudosismo. Mas porque o mar em minha vida é agora quase uma abstração, mera referência poética. Então, se não mais vou ao mar - porque não vou mesmo -, o seu perfume a mim vem e me reporta à sensorial lembrança de nosso convívio. Ergo um altar ornado de algas, conchas, búzios e flores. Queimo incensos de maresia e me transporto às improváveis vivências em mares atlânticos, mediterrâneos, mares de jangadas, de titaniques, mares tantos encantados e distantes de mim.